Sem Ambre na escola, meus dias estavam sendo maravilhosos. Pena que não
seria para sempre...
- Ei meninas, já perceberam que sem aquela vaca loira por perto, a
escola é outra?! -Falei suspirando animadamente.
- Sim! -Falaram as meninas ao mesmo tempo.
- Deveria ser todos os dias assim! -Disse Violette timidamente.
- Eu disse pra vocês que Nathaniel iria dar uma punição bem severa pra
ela... -Falou Mellody com um sorriso de orelha à orelha.
- Err... Falando no Nathaniel, vocês viram ele por ai? -Perguntei.
- Não. Faz uns dois dias que ele não vem na escola. -Falou Íris.
- MENINAS! MENINAS! -Berrou Rosalya correndo em nossa direção.
- O que foi Rosalya? Por que o escândalo? -perguntou Kin.
- Eu acabei de ficar sabendo por Bia
que Nathaniel sumiu! -Falou Rosa recuperando o fôlego.
- Como assim Nathaniel Sumiu? -Indagou Mellody desesperando-se.
- Sumiu sumindo ué! -Respondeu Rosalya seca.
Todas ficaram surpresas.
Nathaniel tão sério, tão responsável, sumir... O mundo estava acabando mesmo.
Naquele dia, o tempo fechou de
uma hora pra outra e já dava sinais de que viria uma forte tempestade. Já
estava chovendo quando a aula acabou. Eu peguei uma sombrinha que sempre
deixava no meu armário e me despedi de Mell, Vih, Íris, Rosa e Kin. Ia em direção
a minha casa quando passei por um beco, lá avisto Nathaniel sentado na calçada
todo sujo e molhado de chuva, com uma excreção muito triste no rosto.
- Na-Nathaniel! -Disse correndo até ele, deixando a sombrinha cair.
- Vi-c-to-ria. -Falou ele gaguejando de vergonha por eu vê-lo naquele
estado.
- O que aconteceu com você? -Perguntei preocupada.
- Me deixa por favor! -Pediu com uma voz dolorosa.
- Não vou te deixar aqui assim! Vem comigo.
- Por favor Tori, vai embora! -Falou Nathaniel.
- Eu vou... Mas você vem comigo! -Falei o ajudando a se levantar.
Ele viu que eu não o deixaria ali
e se apoiou em mim e eu o levei para a minha casa. Chegamos em casa e eu o
deixei na sala e fui procurar algo seco que ele pudesse vestir. Voltei a sala e
lhe entreguei uma camisa branca e uma bermuda azul.
- De quem são essas roupas? -Perguntou Nathaniel tímido.
- São do meu pai.
- Ele não vai brigar? -Indagou ele novamente.
- Não. Ele e minha mãe precisaram viajar para o Rio e eu fiquei por
causa das aulas. -Respondi. - Agora vá tomar um banho e tirar essa roupa
molhada. -Pedi dando um sorriso tentando animá-lo o empurrando para o banheiro.
Enquanto Nathaniel tomava banho
eu fui preparar um chã para ele, já que este não gostava de chocolate quente.
Ele terminou o banho e eu o chamei na cozinha, ele se sentou à mesa e eu servi
o chã.
- Então... Vai me contar o que aconteceu? -Perguntei séria.
- Eu já esperava que você fosse me fazer essa pergunta... -Falou
Nathaniel dando um longo suspiro.
Eu fiquei o olhando durante algum
tempo até que ele começou a falar.
- Ah muitos anos atrás... Eu quando era pequeno, era digamos que, um
pouco travesso. E a maioria do tempo ficava implicando com a Ambre. Quebrando
todas as suas bonecas, puxando seu cabelo... a fazendo chorar. Era um menino
inquieto.
- Com o tempo, eu fui ficando mais responsável. Queria mostrar pros meus
pais que tinha mudado. -Ele paro de falar de repente e ficou em silêncio por um
longo tempo.
- E o que aconteceu agora? -Perguntei ainda surpresa com tudo que
acabara de me revelar.
- Ambre disse para os meus pais... Que eu fui o culpado dela ter sido
suspensa da escola. E falou que eu nunca parei de implicar com ela esse tempo
todo. -Foram as falas de Nathaniel cabisbaixo e muito triste.
Eu fiquei boquiaberta. Como Ambre
podia ser tão má? Prejudicar o seu próprio irmão... Ela realmente não presta!
- E seus pais não acreditaram em você, não é? -Perguntei depois de um
longo tempo chocada.
- Sim! -Falou Nathaniel ainda de cabeça baixa. - Eles ainda acham que a
Ambre é a grande vitima nessa história.
- Na-Nathaniel... -Falei gaguejando com uma voz dolorosa.
- Eles não vê que eu... Que eu realmente mudei. Que eu me tornei uma
pessoa mais responsável... Por mais que eu me esforce, eles nunca vão acreditar
em mim! -Falou Nath com os olhos cheios de lágrimas.
- Não diga isso Nathaniel! -Pedi limpando as lágrimas que começavam a
escorrer em seu rosto. - Eles estão enganados... As pessoas mudam! Você mudou
pra melhor, mas infelizmente sua irmã se tornou uma pessoa má. E seus pais não
enxergam isso. Você é uma pessoa maravilhosa. -Falei tentando animá-lo.
- Obrigada Victoria. -Falou ele dando um leve sorriso angelical e me
abraçando timidamente.
Eu fiquei duplamente vermelha e
Nathaniel também, ao perceber que eu estava corada.
- Agora vamos dormir. Já está tarde. -Falei me afastando dele. - Você se
importa de dormir no meu quarto?
Ele ficou sem reação quando fiz
essa pergunta. Ficou mais vermelho que o cabelo do Castiel e depois de um longo
silêncio, devolveu a pergunta.
- No seu quarto?
- É. Eu vou dormir no quarto dos meus pais e você dorme no meu. -falei
ainda sem entender o porque dele ter ficado tão vermelho. Nath soltou um
suspiro de alivio e depois cada um fio para o quarto.
No dia seguinte...
Eu acordei e fui me arrumar para
ir para a escola. Tinha separado umas roupas, já que Nathaniel ia dormir no meu
quarto, não ia ter como eu me arrumar por lá. Me arrumei e fui tomar café da
manhã, preparei o chã de Nathaniel e fiz café e algumas torradas pra mim.
Depois que terminei, fui acordar Nathaniel.
- Nathaniel! Acorda! -Falei sacudindo seu braço que estava dependurado
sobre a cama.
- Ah. Oi Tori. Bom dia. -Disse ele levantando a cabeça.
- “ OMG! Ô meu Deus! Como Nathaniel é lindo ao acordar...”
- Tori, você está bem? -Perguntou Nathaniel preocupado.
- Hã...? Ah sim. Estou bem. -Disse acordando do meu devaneio, colocando
uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. - Eu estou indo par a escola. Quando
sair deixe as chaves na caixa de correio. Ok?
- Esta bem. Obrigada Tori. Você é muito gentil.
- Mais uma coisa... Não se deixe abater por causa das ações e atitudes
da sua irmã não tá. -Ele deu um sorriso e eu sai para a escola.
Na escola, tudo foi como sempre.
Como sempre não né, sem Ambre na escola... Tudo era completamente maravilhoso..
Voltei para casa e Nathaniel já não estava lá. Fiquei o resto da tarde inteira
pensando em um jeito de me vingar de Ambre sem que Nath se envolvesse e levasse
a culpa por tudo de novo, mas nenhuma idéia brilhante vinha em minha cabeça,
somente idéias malucas que nunca dariam certo.
No outro dia, acordei mais cedo,
fiz minha higiene diária e me arrumei tranquilamente para a escola. Passei na
casa da Mell para irmos para o colégio juntas.
- Oi miguxa! -Falei a abraçando assim que ela abriu a porta.
- Ah. Oi Tori. -Disse Mell bocejando.
- Que cara é essa? -Perguntei preocupada. Mellody estava com uma cara péssima.
- É que eu não consegui dormir direito. -Respondeu ela bocejando
novamente.
- Ah bem. Sei porque... Ha Ha. -Falei sorrindo meio que debochando.
Mellody corou e depois pegou sua
mochila e fomos para a escola. Na escola aula vai, aula vem. O professor pediu
pra eu levar alguns papeis na sala dos representantes. Lá encontro Nathaniel
arrumando algumas pastas em uma prateleira.
- Nathaniel! Que bom que você está de volta. -Disse dando um largo
sorriso.
- Sim. Decidi seguir seu conselho. Não vou me deixar abater por causa da
Ambre. Agora mais do que nunca eu vou mostrar pros meus pais que eu realmente mudei
e que Ambre não é mais aquela santinha de antes.
- “Aleluia! Ele percebeu que Ambre é a santinha do pau oco, ebaaa!!! Graças
aos céus. Muito obrigada meu Deus!”. -Pensei. Por dentro, tava dando pulos de
alegria. - É isso ai Nath. -Disse dando um tapa de leve nos seus ombros. -Aé, o
professor pediu para lhe entregar isso.
- Ah, obrigado. -Agradeceu Nathaniel pegando os papeis de minhas mãos.
- Tori espere. -Nathaniel me segurou pelo pulso e me colocou frente a
frente com ele. - Por favor... Não conte pra ninguém sobre o que aconteceu
comigo ontem. -Pediu olhando bem no fundo dos meus olhos.
- Es-está b-bem. -Respondi gaguejando pois senti minha face quente, logo
percebi que estava corada por estar muito próxima de Nath. Eu fui me afastando
bem de fininho e quando estava a um passo para sair dali, me virei para
Nathaniel e disse:
- Pode ficar tranqüilo. Isso fica só entre nós dois...! -Não sei de onde
tomei coragem pra falar dessa forma com ele. Até parecia que éramos bem, mas
bem íntimos um do outro. Ele deu um sorriso angelical muito fofo. E eu senti
que ali, naquele momento nascia um sentimento muito forte entre nós
dois.........